
Anti-inflamatórios são contraindicados nas atividades de longa duração
É muito comum ver corredores, antes ou no decorrer da maratona, tomarem AAS, Doril, Aspirina, Advil, Engov e outros remédios. Alguns tomam o comprimido para aliviar a dor que vão sentir no percurso. No caso das mulheres, várias querem evitar as cólicas menstruais, tomando anti-inflamatório com acentuada ação analgésica. Outras pessoas se preocupam em tomar remédios que aliviem mal-estar estomacal ou ressaca.
“É contraindicado tomar ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatórios pouco antes, durante ou pouco depois da maratona, prática infelizmente comum entre corredores”, afirma o médico oncologista, Drauzio Varella, maratonista e autor do livro Correr.
“Apesar da inexistência de estudos bem controlados, o uso de medicamentos que contêm ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina, Doril, Engov e muitos outros produtos comerciais) e de anti-inflamatórios não hormonais, como cetoprofeno, ibuprofeno (Advil e outros), naproxeno, nimesulida etc) pode fazer sangrar a mucosa do estômago e tornar mais permeável a mucosa intestinal, aumentando o risco de ruptura dos pequenos vasos que a irrigam”, afirma o médico e maratonista.
No livro Correr, Drauzio Varella explica que não há sistema ou aparelho do corpo humano que não seja afetado – para o bem ou para o mal – pelo esforço de correr no limite das forças, por várias horas consecutivas, como em uma maratona, por exemplo.
Quando o corredor termina o percurso de 42 quilômetros (maratona), anorexia temporária e náuseas são queixas comuns. Em ocasiões mais raras, o corredor chega a vomitar. Podem ocorrer, ainda, cólicas abdominais, flatulência e alteração da consistência das fezes.
Segundo o autor do livro, para dar conta da exigência de oxigênio e nutrientes por parte das contrações musculares durante a corrida, uma parcela expressiva do fluxo sanguíneo é desviada para os músculos. Como consequência, outros tecidos ficarão menos irrigados.
A diminuição do fluxo sanguíneo pode chegar a 80% no aparelho digestivo. A falta de sangue eventualmente interfere na fisiologia gastrointestinal em graus que vão do aparecimento de sintomas passageiros (sangue oculto nas fezes) a quadros mais graves.
A explicação mais aceita, mencionada no livro Correr, para a presença de sangue visível ou oculto nas fezes é a de que os impactos sucessivos das passadas causariam microtraumas nos vasos sanguíneos mais delicados que irrigam as mucosas do estômago e das alças intestinais.
Há a possibilidade dos medicamentos, mencionados anteriormente, aumentarem o risco da ruptura desses pequenos vasos que irrigam a mucosa do estômago e a mucosa intestinal.